segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Tratamento internético

Um texto que não só inaugura o que nos moveu para a criação do blog como, também, anuncia certos modos de pensamento presentes na bandeira do PEJA-MAnguinhos. Seríamos uma usina de conhecimento (interrogação). O texto abaixo não define, mas aponta caminhos.
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O PEJA-Manguinhos é local de experimentação. E daí que muitos vão pensar em laboratórios com cobaias, essas coisas terríveis de usar gente com objeto para estudos da academia. Por aqui não. Há o objetivo de construção compartilhada dos saberes, e nesse caso, não seremos os professores e alunos, senão dois grupos de estudantes : aqueles que estão na provocação das aulas e os estudantes que estão no contra-ataque das provocações. Por vezes não podemos distinguir o que seja professor ou não, vide a capacidade de instauração de mundos que os estudantes – todos os estudantes - têm. Desimportam tais classificações.
No universo dos saberes formais, estamos constantemente diante das tensões entre a academia institucionalizada, os mestres publicamente registrados, com os mestres notoriamente públicos, os detentores dos saberes vivos. Lidamos com todos esses atores no PEJA.

Caso este blog venha a se tornar sítio um dia, nos saciaria certos desejos ter uma sessão intitulada “textos dos comuns da comuna”, onde poderíamos ter espaço para experiências de redação dos estudantes que são moradores de Manguinhos de modo amplo, com temas desmedidos. Essas mulheres e homens estão na aventura de colocar no âmbito dos saberes formais seus saberes vivos. Em tal sessão teríamos a presença de pensamentos, poemas, receitas de bolo e de política, polêmicas sobre educação e/ou gênero, questões vivas e que toda a sorte de polêmicas que pululam cotidianamente nas salas de aula.

Comuna não é comunidade, como a aparência das palavras pode indicar. Senão um equivalente a município, isso mal explicando. Uma diferença do território chamado comuna e um município é o primeiro ter origem histórica ligada à autonomia frente ao poder maior, como no tempo medieval eram os senhores feudais, ou como no caso da Comuna de Paris, eram os Estados da França e Alemanha que atropelaram os ideias socialistas dos cidadãos (internacionais) da Cidade Luz. Comum é o cidadão. Remete à Câmara dos Comuns, do sistema legislativo inglês. Os comuns se diferenciam dos membros da Câmara Alta, que são espécie de senadores que chegam ao cargo pelo prestígio dentre a gente da elite. Os comuns do Reino Unido são representantes do povo. Brincar com essa etimologia é muito interessante, claro, e mais rico ainda é pensar que no caso inglês é o chefe dos comuns que acumula mais poder. É o Primeiro Ministro. Esse cidadão comum, ele tem consciência de sua imensa e igual importância na sociedade e, em relação aos demais, consideram que os “demais” são parte de sua responsabilidade. Coisas só possíveis através do prisma da solidariadade, claro. Não deixa de ser bonito isso da vida do outro ser um patrimônio coletivo. Antes fosse polêmico. Hoje soa romântico de tão descolado da reflexão das pessoas.

Ser “um comum”, enfim, atualmente seria coisa especialíssima. Ainda mais em nossa contemporaneidade, que produz muito mais do “um qualquer”. Cidadania é termo que destrói a invisibilidade do “qualquer” para a importância do protagonismo democrático do “comum”. Do companheiro de copo, de armas, de direitos, de sonhos.

Fechando as digressões, este espaço servirá para darmos tratamento internético à rotina de textos que saem da inteligencia de Manguinhos. Nada de correção por parte dos editores desse blog. Aos autores cabem as responsabilidades e os louros pelas escrivinhações.

A sala do LEIR (sala com mais de doze computadores, todos ligados à internet, do Laboratório de de inclusão digital da Redeccap) estará disponível no horário das aulas para o uso de todos os membros do PEJA-Manguinhos.

Oxalá lotemos essa blog com mais “textos dos comuns da comuna” até que nosso sítio emerja das idéias e sonhos!

f.

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