terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ecomuseu de Manguinhos - das salas do Peja para o Ministério da Cultura




A partir de uma iniciativa das turmas do PEJA-Manguinhos, que elaboravam em 2007 uma atividade que pudesse mapear as histórias das ocupações que deram origem ao Complexo de Manguinhos, em neste ano a Redeccap foi contemplada no Edital Mais Cultura com um “Ponto de Cultura” em Manguinhos. Nele se desenvolverá a tecnologia do Ecomuseu, onde se busca amálgama dos produtores de arte & cultura do território – e também de fora do território – para instaurar (disputar) novos signos no bairro a partir da participação social e da formação de redes de intercâmbio cultural-artístico. O Ponto de Cultura chama-se “N’Ação Manguinhos” no cadastro dos pontos de cultura do Governo do Estado/MINC. No território, chamamos de Ecomuseu de Manguinhos.


Felipe Eugênio


p.s.
provavelmente a Aranha (Spider) de Louise de Bourgeois tem seu quê de PEJA, vide os tentáculos como que se expandindo. Ou seria o inverso?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Pandemias e pandemônios


Guernica, de Pablo Picasso

Que as aulas demorassem a começar por conta de uma pandemia, isso é realidade compartilhada por todas as escolas. Não seria diferente com o PEJA-Manguinhos diante da Gripe Suína. Foram algumas semanas de agosto com seguidos comunicados das secretarias de educação e saúde do Estado (e do Município) recomendando - e ora ordenando - o adiamento de aulas. Uma semana findava e quando pensávamos que voltaria tudo ao normal, novo comunicado. Ou ordenação, tanto faz.

De nossa parte, cá no PEJA, costumamos manter certo alerta e reflexão sobre os dias de "impedimento" das aulas. Nem sempre a lebre é gato. Mas no caso da Gripe Suína, nenhuma insubordinação nos passou na cabeça. Ficamos aguardando melhores dias para espirrar em paz. E agosto ia se desfazendo.

Aulas que retornam, trabalhos colocados a mil por hora, as coisas andando e sendo edificadas até que...

Até Outubro: o mês do helicóptero que cai.

(ok, que foi abatido, derrudado, desavoado!)

Como é dispensável ficar aqui repetindo todo o noticiário policial de duas semanas de guerra do tráfico (entre grupos do tráfico) e a polícia, ao menos situamos o lugar do PEJA-Manguinhos nesse contexto. Como moradores apavorados, nossos estudantes ficaram reféns das trincheiras reais que cercavam o território, com a anunciadas invasões daqui e dacolá, com armamento pesado que derruba helicóptero - e que de fato derrubou nessa ocasião - nas mãos de policiais e de traficantes. No meio do caminho não havia pedra alguma, só as pessoas.

Imaginar a distinta resistência de uma pedra para a carne humana diante de bala é, enfim, suspeitar sobre o que seja medo.

Quando as aulas voltaram, não sei dizer se as carnes pararam de tremer. Os estudantes do PEJA, alguns deles seguiram firmes nas suas criações intelectuais. Nesse tipo de episódio a carne de quem estuda no PEJA segue sendo mais vulnerável do que de outros corpos. Do corpo discente, em especial.


Felipe Eugênio

sábado, 7 de novembro de 2009

PEJA, ProEJA e uma primeira colocação no Edital


O Edital da Cooperação Social para o Desenvolvimento Territorializado - CSDT - 01/2009 FIOCRUZ, foi uma seleção pública promovida pela Coordenadoria de Cooperação Social da Presidência para as Unidades da Fiocruz. Sua primeira edição se deu nesse ano.


O PEJA-Manguinhos em 2009, sendo representado pela coordenação pedagógica, participou da construção do PROEJA – EJA com educação técnica profissionalizante – que é uma proposta da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venãncio para o futuro da educação de jovens e adultos. Fora montada uma equipe com professores-pesquisadores da Escola Politécnica, professores-pesquisadores da Fiocruz Mata Atlântica, professores-pesquisadores da Assessoria de Cooperação Social da ENSP e professores-pesquisadores do PEJA-Manguinhos (em tempo: Leonardo Bueno e Felipe Eugênio).

Ao largo da proposta ser elaborada coletivamente, a contribuição do PEJA-Manguinhos se deu na sugestão de uma formação que capacitasse o estudante a ser técnico com capacidades de “transformar aquele território, ou aquele tipo de território, numa perspectiva que considera os conhecimentos de quem experencia as peculiaridades e grandes forças que fazem a favela como ela é, e, aí sim, agregar tais saberes àqueles outros da Academia, que vão da sociologia à estatística, do direito à saúde, da educação aos modelos de gestão da coisa pública e, obviamente, abordagem ao cabedal teórico que considera a luta de classes". Essa formação foi a de Pós Técnico em Gestão Social do Território (ou pós médio, pois isso é uma querela ainda no MEC).

No ademais desse processo, o trabalho coletivo foi o maior legado e nisso, inclusive, deu frutos: por participar do edital de projetos sociais da Cooperação Social da Presidência com a proposta do PROEJA ( o projeto de Educação Profissional em EJA, com a formação para Técnico em Meio Ambiente e pós técnico em Gestão Social do Território) fomos o grupo com o projeto melhor pontuado de toda a seleção pública.

O trabalho de escrita do "Terramata", como chamamos o projeto que construirá com moradores dos territórios Manguinhos e Curicica a proposta de PROEJA territorializado, se deu em mais de dois meses, contando com Luiz Saléh, Leonardo Bueno, Ronaldo Travassos, Paulinho Chinelo, Felipe Eugênio, Julio Silva e Sérgio Ramos.

Liderando a trupe com a estrutura de idéias e redação do projeto PROEJA Terramata: Grácia Maria de Miranda Gondin, professora-pesquisadora da Escola Politécnica (por sinal, instituição proponente).

Já acreditávamos que um dragão de tantas cabeças pensantes só poderia conseguir duas coisas: fundir-se no choque entre tantas cucas ou, vide a capacidade de fluir idéias através de unidade ideológica, formular um projeto deveras estruturante e sedutor. A segunda hipótese se comprovou.

Agora fica o tempo de colocar a mão na massa! E, desta vez, não mais um dragão de sete cabeças; outrossim, umas sessenta cucas entre moradores de Manguinhos e de Curicica.


(e-mail enviado da Coord. Cooperação Social da Presidência aos proponentes do Edital)

Prezados Proponentes, A Coordenadoria de Cooperação Social divulga preliminarmente para os proponentes a lista dos projetos selecionados no Edital da Cooperação Social para o Desenvolvimento Territorializado - CSDT - 01/2009 FIOCRUZ. Foram encaminhados 46 projetos. Desses, 30 foram propostos para o campus Manguinhos e Mata Atlântica; e 16 para serem desenvolvidos em outras áreas geográficas. Entre os projetos apresentados para Manguinhos e Mata Atlântica, dez (10) foram na faixa de até R$150.000,00 e vinte (20) na faixa de até R$ 50.000,00. O Regulamento do processo de análise e seleção dos projetos definiu o método de distribuição aleatória, sorteio dos pareceristas das Unidades da FIOCRUZ e dos projetos identificados pelo número de recebimento, pela unidade proponente e por áreas geográficas e faixas de apoio. Os quesitos considerados para análise dos projetos levaram em conta os criterios descritos no artigo oitavo do edital. A Comissão de Análise e Seleção foi composta por 22 profissionais, sendo onze indicados pelos Diretores de Unidades da FIOCRUZ (ENSP, EPSJV, ICICT, BIO Manguinhos, COC, IOC, DIRAC, CF Mata Atlântica, CTM/FAR, IFF e CPQAM ) e os outros 50% de Instituições externas convidadas (UFRJ-SOLTEC, PUC, SEDH -secretaria especial de direitos humanos da presidência da república -, Banco do Brasil -responsabilidade social-, CEF, VIVA RIO, FASE, CENPES/PETROBRAS -Responsabilidade Sócio Ambiental-, DIREH, DIPLAN E ASFOC). Na primeira reunião da Comissão foram configuradas, através de sorteio, as duplas por faixa orçamentária e área de abrangêngia no Edital. Também foram sorteados os 46 projetos, de modo que cada membro interno recebesse 4 ou 5 projetos. O parecerista de instituição convidada recebeu, também por sorteio, blocos de projetos, totalizando 92 pareceres. Somente na segunda reunião, as duplas se encontraram para pactuarem uma pontuação final para os projetos. Após a leitura da pontuação de cada projeto foi realizado um ranqueamento por faixa, conforme definido no Edital: 6 projetos (2 com valor de financiamento de até R$ 150.000,00 e 4 com valor de financiamento de até R$ 50.000,00) deveriam atender a região de Manguinhos e Mata Atlântica e 10 com valor de financiamento de até R$50.000,00 para as demais áreas do país. Em anexo tabela contendo os resultados da análise e seleção de projetos. Nos colocamos a disposição para esclarecimentos que se façam necessários. Coordenadoria de Cooperação Social Presidência FIOCRUZ


Felipe Eugênio