sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Pandemias e pandemônios


Guernica, de Pablo Picasso

Que as aulas demorassem a começar por conta de uma pandemia, isso é realidade compartilhada por todas as escolas. Não seria diferente com o PEJA-Manguinhos diante da Gripe Suína. Foram algumas semanas de agosto com seguidos comunicados das secretarias de educação e saúde do Estado (e do Município) recomendando - e ora ordenando - o adiamento de aulas. Uma semana findava e quando pensávamos que voltaria tudo ao normal, novo comunicado. Ou ordenação, tanto faz.

De nossa parte, cá no PEJA, costumamos manter certo alerta e reflexão sobre os dias de "impedimento" das aulas. Nem sempre a lebre é gato. Mas no caso da Gripe Suína, nenhuma insubordinação nos passou na cabeça. Ficamos aguardando melhores dias para espirrar em paz. E agosto ia se desfazendo.

Aulas que retornam, trabalhos colocados a mil por hora, as coisas andando e sendo edificadas até que...

Até Outubro: o mês do helicóptero que cai.

(ok, que foi abatido, derrudado, desavoado!)

Como é dispensável ficar aqui repetindo todo o noticiário policial de duas semanas de guerra do tráfico (entre grupos do tráfico) e a polícia, ao menos situamos o lugar do PEJA-Manguinhos nesse contexto. Como moradores apavorados, nossos estudantes ficaram reféns das trincheiras reais que cercavam o território, com a anunciadas invasões daqui e dacolá, com armamento pesado que derruba helicóptero - e que de fato derrubou nessa ocasião - nas mãos de policiais e de traficantes. No meio do caminho não havia pedra alguma, só as pessoas.

Imaginar a distinta resistência de uma pedra para a carne humana diante de bala é, enfim, suspeitar sobre o que seja medo.

Quando as aulas voltaram, não sei dizer se as carnes pararam de tremer. Os estudantes do PEJA, alguns deles seguiram firmes nas suas criações intelectuais. Nesse tipo de episódio a carne de quem estuda no PEJA segue sendo mais vulnerável do que de outros corpos. Do corpo discente, em especial.


Felipe Eugênio

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