sexta-feira, 30 de outubro de 2009

quando uma Semana Nacional de Ciência e Tecnologia acontece dentro da favela


Quem passar os olhos na programação nacional do evento de ciência e tecnologia, lá encontrará Manguinhos, Vila Turismo, como referência. É uma ocasião especial: dentro da favela acontecem atividades do evento. Claro que na lista há algumas escolas públicas que são partícipes da Semana C&T, mas, no caso do PEJA-Manguinhos, podemos dizer que é o único espaço de fato "dentro" da favela, não no entorno de.

Através da coordenação de cooperação entre a Redeccap e a Fiocruz, feita por André Dantas, da vice-direção do Politécnico, foi feito com o PEJA-Manguinhos uma roda de debates e uma experiência de cineclube tendo por temática a dengue.

Educação de Jovens e Adultos: desafios do mundo do trabalho e de um mundo a ser trabalhado

Instituição: FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – EPSJV

Tipo: Mesa redondaPúblico alvo: Estudantes do ensino médioLocal: (Rede CCAP) Rua Dr. Luís Gregório de Sá, 45 - ManguinhosInscrições: Não

Informações: A mesa de debate será composta pelos seguintes convidados: Anakeila B. Stauffer (EPSJV/Fiocruz), Felipe Eugênio (Pólo 1 - PEJA/Manguinhos) e Miguel Farah Neto (UNIRIO). A elaboração e montagem deste evento contou é de responsabilidade do PEJA-Manguinhos e da EPSJV. Contou ainda com a colaboração da Rede CCAP, do Espaço Casa Viva e do Escritório Técnico Multiprofissional (ETM/APS/ENSP/Fiocruz).

Datas/Horários:
20/10 de 18:30h a 21:30h

Educação e Ciência: da Revolta da Vacina ao Programa de Controle da Dengue em Manguinhos (PCDM)

Instituição: FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – EPSJV

Tipo: Exibição de vídeos e filmes

Público alvo: ComunidadesLocal: (Rede CCAP) Rua Dr. Luís Gregório de Sá, 45 - Vila Turismo/ManguinhosInscrições: Não

Informações: Após exibição do filme "Mundo macro e micro do mosquito aedes aegypti: para combatê-lo é preciso conhecê-lo", haverá um debate, para o qual se comporá uma mesa com os seguintes convidados: Genilton Vieira (IOC/Fiocruz) - autor do filme, Daniele Cerri (IOC/Fiocruz) e Marcela Sanchez (Museu da Vida/COC/Fiocruz). A elaboração e montagem desta atividade contou com a colaboração do PEJA-Manguinhos, do PCDM, do Espaço Casa Viva, da Rede CCAP e do Escritório Técnico Multiprofissional (ETM/APS/ENSP/Fiocruz).

Datas/Horários:
16/10 de 18:30h a 21:30h


A “Roda de Conversa: Educação de Jovens e Adultos e os desafios do mundo do trabalho - e de um mundo a ser trabalhado” teve como debatedores Anakeila Stauffer (EPSJV-Fiocruz), Miguel Farah (UFF) e Felipe Eugênio (PEJA-Manguinhos), onde debateu-se com as turmas do PEJA sobre as possibilidades do PROEJA no cenário da educação de Jovens e Adultos, além de outros pontos pertinentes ao campo da educação crítica-emancipatória.

Na mesma Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, fora montado o cineclube chamado “Educação e Ciência: da Revolta da Vacina ao PCDM - paralelos sobre mobilização popular”. O filme exibido foi “O mundo Macro e Micro do Mosquito Aedes aegypti : Para combatê-lo é preciso conhecê-lo” de Genilton Vieira (IOC/FIOCRUZ), seguido de debate com o diretor, além de Daniele Cerri (IOC/FIOCRUZ - Professora de Biologia do PEJA-Manguinhos) e Marcela Sanchez (Museu da Vida – FIOCRUZ). No debate, foram feitas apreciações sobre como se davam campanhas de saúde pública no início do século passado (Revolta da vacina) e como hoje tais movimentos passam pelo movimento social, embora o Estado não tenha perdido sua função de induzir e gerenciar políticas públicas. Os estudantes gostaram muito dos filmes e da análise panorâmica que as duas professoras (Daniele Cerri e Marcela Sanchez) deram sobre a Saúde na sociedade brasileira ao largo de mais de cem anos.

O detalhe fica por conta do horário. Sim, basta conferir acima. É o mesmo horário no qual estudam os moradores de Manguinhos no PEJA. E também é aquele horário no qual não-moradores de favela declaram seus pavores para entrar dentro das comunidades. Neste período do dia considerado "delicado", foi quando se promoveu debates sobre educação, sobre saúde e sobre soluções que podemos chamar de tecnologias sociais para que os estigmas e as condições sub-dignas vividas por boa parte da população mais pobre sejam superados. No caso, extirpados.

Felipe Eugênio

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

nova direção da Escola Politécnica e o PEJA: parceria na educação pela luta contra iniquidades do capitalismo



A parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, que é a unidade da FIOCRUZ responsável pela coordenação pedagógica dos dois pólos do PEJA (Manguinhos e pólo II), se intensificou. Com a nova direção do “Poli”, composta por Isabel Brasil e, na vice-direção de ensino, Márcia Valéria, o PEJA-Manguinhos agora tende a galgar novos aprendizados - a escola federal é referência em qualidade de ensino, o que, diferente da médias das escolas, não é baseando-se em indicadores da educação privatista que ela galga boa colocação entre outras. A politecnia, de matriz conceitual marxista e gramnisciana, é marca no currículo da escola e no seu reconhecimento como instituição que deve contribuir para transformação do mundo tal qual configurado.
A coordenação do PEJA nesse ano teve algumas reuniões com a diretoria da escola e, além de discussões sobre o futuro do programa de educação de jovens e adultos, onde houve consenso da manutenção do convênio da EJA com o Poli, pois ficou reconhecido como estratégico no campo da Promoção da Saúde em Manguinhos a tecnologia pedagógica marcada por metodologias de estímulo à autonomia política dos sujeitos. E isso, experimentado pelo PEJA, vindo a ser replicável em outros territórios de exceção, coaduna com os anseios institucionais da EPSJV. De modo mais pontual acordou-se a participação do PEJA-Manguinhos na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que desta vez, sob auxílio da Escola Politécnica, acontecerá dentro do território de Manguinhos. Uma ação inédita.
A aproximação da atual direção da EPSJV para com o movimento social (reconhecendo que o PEJA-Manguinhos como tal) evidencia uma leitura da missão institucional da Fiocruz de maneira verdadeiramente comprometida com superação das iniquidades (sociais, econômicas, políticas) que assolam a classe trabalhadora. Saúde - e isso aprendemos em reuniões com Isabel Brasil - também é cidadania ativa e ação interventora do povo sobre desígnios de suas próprias vidas - e do país.


Felipe Eugênio

domingo, 25 de outubro de 2009

Laboratórios do Livre Saber - afinal de contas


instalação: Art Eggcident’ – Henk Hofstra

O Laboratórios do Livre Saber não apenas se enquadra como um elemento da estrutura do PEJA-Manguinhos para difusão das atividades finais de semestre, onde é mais que esperada a presença de pessoas que lá não estudam, o que inclui familiares de estudantes e moradores variados, também é o Laboratórios uma tecnologia pedagógica.
Ficando aqui registrado que o reconhecemos como excelente ferramenta de difusão de nossas atividades e metodologia (com a vinda de convidados não apenas para assistir, mas também para participarem das atividades diretamente), como reconhecemos o Laboratórios do Livre Saber pelo seu aspecto mais implosivo de uma estrutura curricular meramente conteudista e de reproduções dos saberes canonizados. É exatamente uma semana de arte, cultura e tecnologia a partir dos saberes trocados nas disciplinas daquele semestre. A idéia da “arte e da cultura”, está na abordagem que faz tema por vezes áridos se tornarem “sedutores” a quem vê. O formato é de espetáculo. Os protagonistas e roteiristas dos Laboratórios: os estudantes do PEJA.

Que venha o próximo Laboratórios do Livre Saber!



Felipe Eugênio

sábado, 17 de outubro de 2009

O teatro do PEJA-Manguinhos: temporada pela fiocruz - parte II


Eis mais uma matéria sobre o grupo teatral dos estudantes do PEJA-Manguinhos. A temporada que seguiu para dentro do campus da Fiocruz fez do Saltimbancos um espetáculo que ficou na ponta da língua dos seus atores - que outrora representavam via leitura dramatizada.

o link da matéria segue abaixo:

http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2603&sid=9



População e voluntários são atrações à parte no Fiocruz pra Você 2009

Paula Lourenço

Dançar, atuar, informar, conscientizar, aprender ou apenas se divertir. Objetivos diversos que foram concretizados no Fiocruz pra Você 2009, realizado neste sábado (20/6), durante a primeira etapa da Campanha de Vacinação conta a Poliomielite do Ministério da Saúde. O evento integrou 1.120 trabalhadores voluntários da Fundação ao público externo. Milhares de adultos e crianças estiveram no campus de Manguinhos para a vacinação, mas também para as 70 atividades gratuitas, realizadas das 8h às 17h. E foi justamente a população que forneceu um brilho especial ao evento, que, neste ano, chegou a sua 16ª edição superando as expectativas de imunizações: 3.481 doses aplicadas em crianças de até cinco anos, no campus de Manguinhos.

Entre as estrelas deste dia esteve o motorista Marcelo Costa da Silva, 36 anos, morador de Manguinhos. Ele, que é estudante do Programa de Educação de Jovens e Adultos da Fundação, virou ator na peça Os Saltimbancos. “Esta foi a primeira vez que me apresentei no Fiocruz pra Você. Achei maravilhoso encontrar tudo isso para nossa comunidade”, disse ele, num misto de voluntário e beneficiado pela iniciativa. Sua colega de palco e de turma, Jacinta Firmina de Jesus Neta, 35, compartilha da opinião do parceiro. Costureira e moradora de Manguinhos, ela é freqüentadora assídua do Fiocruz pra Você. “Venho para cá há quase 16 anos. No começo, trazia meus filhos para vacinar, hoje, eles já estão crescidos, com 13 e 7 anos, mas sempre venho com eles para cá, para serem acompanhados pelos serviços de saúde. E, agora, trouxemos a peça para o público”, esclareceu.

Outra mãe interessada nos serviços e aprendizados sobre saúde, sem abrir mão da diversão, foi Raquel Pereira Alves, 29. A auxiliar de escritório, que no momento está desempregada, trouxe, pelo terceiro ano consecutivo, seu filho Gustavo, 9. ­­­­­­­­“­Meu filho já está crescido, mas trago ele para cá para aprendermos informações sobre doenças, olhar as bactérias no microscópio. Eu mesma peguei informações sobre reumatismo, problema que eu tenho”, explicou Raquel. Além de se atualizar sobre a enfermidade, ela levou para casa uma muda de herva roxa, doada pela Fundação. “Vou levar para a minha tia. Ela adora plantas”, disse a moradora do bairro de Benfica.

A família Marvilla veio para o campus de Manguinhos com a mesma intenção de Raquel. Eles chegaram cedo ao um dos postos de vacinação do campus para garantir as gotinhas de Ryan, de um ano e um mês de idade, e aproveitar a festa. “Chegamos aqui às 9h. Depois, andamos tudo por aí e lanchamos. Adoramos o trenzinho e também de ver as pessoas explicando as pesquisas com os insetos”, narrou a dona de casa Adriana Marvilla Ferreira da Silva, 34, mãe de Ryan, que mora no Parque Carlos Chagas, em Varginha. “É a segunda vez que venho para cá. Neste ano, trouxe os meus pais e uma vizinha”, complementou Adriana, enquanto fazia um lanche com a mãe, a dona de casa Ilza Reis Marvilla, 59, e o pai, o aposentado Acy Marvilla, 59, moradores da Penha.

Foi para este público que trabalhou com muito entusiasmo a administradora Amanda Ferreira, 26. “Trabalho na Fiocruz há um mês, na área de Recursos Humanos da Dirac, e estou muito feliz de estar aqui. Eu não conhecia o Fiocruz pra Você e a gente observa que tudo funciona como se fôssemos uma grande família. As pessoas pensam que serviço público é algo burocrático, mas vemos que a Fiocruz é diferente, você tem um retorno muito gostoso da população, você se sente útil”, comentou.

Com mais tempo de “casa”, mas com igual alegria esteve a servidora pública Adriana Aparecida Teles, 33. “Faz 11 anos que participo do Fiocruz pra Você. Sou apaixonada por este trabalho. Já fiz de tudo ao longo desse período: entreguei lanche, orientei crianças perdidas, fiquei no espaço da ciência, além de ter trazido primos e filhos dos vizinhos para se vacinarem aqui. Acho esta iniciativa da Fiocruz fundamental para a comunidade do entorno da Instituição. Além das vacinas, o serviço social aqui desenvolvido fortalece o papel da Fundação, que é contribuir para a melhoria da saúde pública brasileira”, justificou, enquanto entregava panfletos do programa Farmácia Popular, do governo federal e coordenado pela Fiocruz em todo o Brasil.

A empolgação também tomou conta dos alunos da Escola Politécnica em Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). Tanto que o grupo caminhou pelo campus oferecendo abraços e sorrisos. “Quer um abraço?”, perguntavam, interceptando quem passava pelo caminho. Entre os que estiveram na “turma do abraço”, Juliana Couto, 15; Jean Pereira, 18; Ângelo Ferreira, 16; e Brenda Lopes, 16.

Mas nem só trabalhadores e estudantes da Fiocruz se engajaram na iniciativa. Pessoas de outras instituições e das comunidades, interessadas no trabalho da Fundação, deram sua contribuição. “A experiência do Fiocruz pra Você foi muito rica para mim. Costumo fazer trabalho voluntário e, quando soube que ia haver o daqui me inscrevi. Na tenda, orientamos as pessoas a tirarem a segunda via da carteira de identidade, explicamos como buscar sua certidão de nascimento, fornecemos informações sobre certidão de casamento e de habilitação para casamento”, disse Willian da Silva Ninck Lopes, 24, estudante de direito e voluntário da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, parceira do Fiocruz pra Você 2009.

O prazer de levar alegria para os outros e de se divertir contagiou o trio de dançarinos da terceira idade. “Viemos aqui para dançar para o público”, disse Palmira Cruz, 85, moradora de Benfica, acompanhada de seus amigos Maria Cruz, 73, e Antônio Menezes, 66. Os dançarinos se juntaram ao grupo que já dançava perto da tenda do Museu da Vida, embalados pelo ritmo da solidariedade do Fiocruz pra Você que, se depender da animação do público e do apoio de parceiros como o Banco do Brasil, será sucesso também em 2010.

Publicado em 20/06/2009.


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