segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

II Simpósio Peja-Manguinhos: Retrato da Educação Cidadã Enquanto Jovens e Adultos

Não foi o primeiro Simpósio do Peja. Tampouco será o último. Decidimos com essa apresentação de nossa expertise pedagógica mais do que defender teses, atacar certas amarras do conservadorismo na educação. Ocorreu em novembro e assim, como abaixo está, que colocamos a convocatória para estudiosos de EJA, parceiros da FIOCRUZ, colaboradores da Redeccap e moradores de Manguinhos. Reparar no título um tanto joyciano não faz mal, a educação cidadã só é possível quando investimos na forma. Há uma poética toda própria no trato à militância nossa.
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O Programa de Educação de Jovens e Adultos de Manguinhos (PEJA- Manguinhos) colocará em pauta no dia 12 de novembro, na ENSP- Fiocruz, as idiossincrasias de um EJA instalado no centro de um território prenhe de querelas que põem em risco os direitos de cidadania plena das pessoas. Diante da função de combate que um programa de educação tem diante das agruras econômico-sociais sofridas pela população moradora de favelas, é preciso fomentar o debate sobre a (temerosa) coisificação do conhecimento para fora dos limites das aulas. Ao passo disso, contar com o interesse de pessoas físicas - que representem pessoas jurídicas ou não - para colaborarem nessa aventura quixotesca de valer-se da educação como trincheira em tempos cada vez mais privatizados.

Um serviço público deve ter a transparência como princípio de suas atividades. O PEJA-Manguinhos há muito instaurou-se como uma atividade de interesse público no território de Manguinhos. Seus recursos e legitimidade legal vêm, respectivamente, da Fundação Oswaldo Cruz e da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro, duas instituições que servem aos brasileiros e que, ao apoiarem/colaborarem com o EJA daqui, de Manguinhos, recebem ordinariamente as informações sobre os nossos procedimentos, desafios e dificuldades.

A equipe do PEJA-Manguinhos decidiu que é preciso radicalizar na ação de relatar aos parceiros institucionais sobre como se deram os trabalhos de educação para jovens e adultos no território circunvizinho à Fiocruz. Somente com a audiência de pessoas interessadas em educação, com outras instituições presentes, com moradores da comunidade assistida, com estudantes do próprio PEJA-Manguinhos e de outros empreendimentos de educação, através da ampla observação de cidadãos que têm a crítica como ferramenta de construção coletiva é que poderemos dar visibilidade a serviços públicos. Mantendo-os, inclusive, de propriedade coletiva e irrestrita.

Neste II Simpósio do PEJA-Manguinhos, combinaremos o gesto que antes faria parte de uma rotina burocrática - a entrega do relatório parcial ao parceiro e financiador Fiocruz - com uma real exposição pública do trabalho de EJA desenvolvido no epicentro da favela de Manguinhos. Trataremos de expor parte da tecnologia pedagógica que desenhamos - e que é ainda construída - ao passo que impasses novos surgem e estratégias antigas caem por terra; discutiremos sobre os horizontes de expectativa de nossos estudantes e do corpo docente; e avançaremos, enfim, para considerações acerca da práxis de EJA no Brasil, desde o legado freiriano até as contemporâneas formas de integração entre a educação e o mundo do trabalho; múltiplos caminhos que contribuem para a fortuna crítica de educação popular.

O convite não é para a presença de meros espectadores, senão para a contribuição de potenciais partícipes para esse movimento emancipatório. Tijolo por tijolo, num desenho ótimo. Que venham mais cabeças pensantes – e inquietas.


coordenação do Peja-Manguinhos

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