segunda-feira, 13 de julho de 2009

A inauguração de uma antiga novidade


A antiga semana cultural do PEJA-Manguinhos, evento que há três anos finaliza semestres letivos, na edição de 2009 ganha um formato mais ousado e, por conta disso, adquiriu novo nome: laboratórios do livre-saber (semana de arte, cultura e tecnologia do Peja-Manguinhos).

O texto abaixo busca justificar essa inovação em nomenclatura e no formato das práticas de apresentação. Após um longo período desde texto inaugural, após - e ao passo - de um semestre agitado com complicações internas, a equipe docente do PEJA-Manguinhos apresenta os resultados dos estudos cumpridos e das metas, discutidas desde o primeiro dia, como uma pauta que não se esmorece.

Por que “laboratórios do livre-saber”?

O laborar, labor, labore são palavras que carregam similaridades etimológicas à cultura, ao kultur, ao cultivo; ao trabalho de lidar com a terra. Ao trabalho como processo de transformação do mundo pelo homem.

No Peja-Manguinhos, ao largo de cada semestre letivo, há mais de três anos buscamos integrar os saberes das disciplinas escolares com estratégias que, apresentando a materialização da teoria, tenha como finalidade maior a exposição para a comunidade dos aspectos de inovação ou intervenção que o estudo cultivara neste ou naquele período semestral.

Antes chamávamos esse evento de Semana Cultural. Mas ainda lidávamos com apresentações de trabalhos no formato de seminário - ao mesmo tempo em que apresentávamos produtos de melhor acabamento para a recepção do público. E neste formato de atividades mais elaboradas, aí sim, nos valíamos das linguagens artísticas ou de apresentações com inovações intelectuais que fugiam da mera reprodução de saberes. Aperfeiçoando a cada semestre as semanas culturais – que continuarão sendo a avaliação final das turmas, mesmo com outro nome -, neste ano de 2009 optamos por acentuar mais a marca de nossa especificidade. Rompemos com os trabalhos com formatos de seminários e buscamos ficar inteiramente na exposição laboratorial dos estudos tidos em sala. A experimentação, hoje mais do que antes, torna-se para nós a base para uma escola em movimento.

Os saberes transados no espaço escolar, se não articulados com o conceito de liberdade (que a poeta Cecília Meireles bem versou sobre: "Liberdade, palavra que o sonho humano acalenta/Que não há quem explique,/Mas não há quem não entenda."), podem se perder num ocaso de objetivo.

O saber é patrimônio que tem uso para a subversão. O território de Manguinhos demanda de fugas e até de enfrentamentos sobre os “lugares comuns”. A subversão é medida para entendermos o que seja ação direta, o que seja cidadania, empoderamento, etc. A pecha criadora e de inovação desses saberes há de ser oriunda da permuta pedagógica, e isso sim, cotidianamente estimulado, experimentado, faz do PEJA-Manguinhos uma usina de conhecimentos. Uma escola que pretende discutir/disputar modelos de educação com o status quo.

Acreditamos em um ensino diferenciado, com propósitos e pretensões de formar cidadãos, que conheçam e exerçam seus direitos, formadores de opiniões, protagonistas político-sociais do território, partícipes isonômicos da cidade.

Diante de tal proposta, contamos agregar parceiros. Isso ficando claro que contamos com o debate, com o dissenso, com a parceria que não se limita ao aplauso, outrossim faz da tensão um caminho para crescimento. O Laboratório é abertos para todos que, visando a liberdade de idéias, contribua com argumentos para uma construção de civilidade.

Eis nossa Semana de arte, cultura e tecnologia – laboratórios do livre-saber. Assim mesmo, com letras minúsculas. Em primeiro porque não há uma propriedade que imponha, mas sim que, por ser aberta, está sempre disposta a ser disputada. E depois, porque cria a dúvida: é certo escrever assim, com minúsculas? Ou seja, provocação já na entrada.

Felipe Eugênio dos Santos Silva.

Coordenação pedagógica PEJA-Manguinhos

REDECCAP / FIOCRUZ

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